sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Três pontos sobre o grupo unido

1) Conversei com o Roby Porto ainda há pouco, e ele confirmou, via assessoria da CBB, que os jogadores só vão falar depois do jogo de amanhã. Cá entre nós, até dá para entender.

2) Marquinhos, por sinal, já falou também com a ESPN Brasil e deu entrevista ao SporTV News, que vai ao ar hoje. O ventilador continua ligado.

3) Já que o pessoal tem falado tanto de jornalismo na caixinha (com uma visão crítica muito saudável, aliás), cabe um registro para o belo trabalho do David Abramvezt, do Lance. Em cima da hora, o jornal desistiu de mandar o cara a Las Vegas. E agora é dele, em São Paulo, a matéria mais explosiva do torneio. Vale lembrar que o mesmo David levantou a história do seguro da Alessandra no ano passado. Parabéns.

Algumas perguntas


Por Fábio Balassiano

Apesar de a seleção e alguns repórteres tentarem negar, a falta de comando na seleção é evidente. Só não enxergava, ou não tinha conhecimento, quem não queria ou quem fazia pseudo-jornalismo. As declarações de Marquinhos, a recusa de Nezinho em entrar em quadra e a atitude de Leandrinho nos tempos técnicos (se negando a ouvir as instruções) só provam, como este espaço afirma há algum tempo, que o caldeirão brasileiro ferve em fogo alto. Por isso, separei algumas perguntas que merecem ser respondidas.

1) Por que, um dia após a reportagem do Estadão, os jogadores e a comissão técnica foram tomar satisfações com a repórter, dizendo que ela havia mentido (fato que não ocorreu)?

2) Se a seleção possui um técnico, cuja carga tática é pior que a "implementada" pelos jogadores após a reunião, qual é a necessidade de ter treinador?

3) Será que é tão complicado entender e colocar em práticas as nuanças do basquete moderno? Se até Nenê e Splitter, os mentores do novo plano de jogo brasileiro, sabem disso, qual será a dificuldade da comissão técnica? Será que falta estudo?

4) Qualquer pessoa que entende um pouco de basquete sabe que a carga tática de Lula Ferreira é péssima e, o pior, é ela (a diretriz tática) que permeia todo o basquete nacional. Por que, então, é necessário algum atleta vir a público e dizer isso. Onde estão os diretores da CBB?

5) Qual será a atitude de Lula após o Pré-Olímpico? Pedir o boné seria o mais digno, não?

6) Na volta de Las Vegas, será que os jogadores contarão exatamente o que ocorreu em terras americanas? E o que precedeu a viagem, com telefonemas dos principais astros ao presidente da Confederação, exigindo troca de comando, será que eles terão coragem de dizer?

A caixa de comentários pode ser um bom começo para dissipar as dúvidas...

Informação sem limite


Por Fábio Balassiano

A Telefônica espanhola criou uma espécie de blog via mensagens de texto para seus usuários. Todos os assinantes que enviaram uma SMS à operadora estão acompanhando notícias da seleção de basquete que se prepara para um torneio na Europa. Com limite de 160 caracteres por mensagem, um dos jogadores (o ala Alex Mumbrú) envia várias informações exclusivas do time aos assinantes (só ontem foram 6).

Na verdade, e isso é o mais assustador em termos de tecnologia, é um blog que chega diretamente ao celular do usuário. O mais engraçado é que a imprensa espanhola só ficou sabendo da liberação de um outro atleta (o excepcional Jorge Garbajosa) por causa do blog-torpedo de Mumbrú, que anunciou: "Oi, sou Garbajosa. Já estamos em Sevilla e já podemos sentir o Europeu. Que vontade que comece isso logo. Todo o povo está envolvido e temos que agradecê-los".

A moral da história é que a tecnologia não tem mais limites, e só fica sem informação no mundo de hoje quem quer. Lula Ferreira e Grego poderiam ler esta notícia e começar a se coçar um pouco mais...

Foi na hora errada, mas era preciso falar

Sempre reclamei que os jogadores brasileiros (à exceção do Nenê) eram muito passivos e silenciosos em relação aos problemas da seleção. A entrevista de Marquinhos ao Lance (leia no texto abaixo) é acima de tudo corajosa. É impossível, cá entre nós, não fazer duas ressalvas:



1) O momento é completamente inoportuno. Estamos na véspera do jogo mais importante da década, e tal exposição agora não ajuda em nada. Ao contrário, só torna o clima ainda mais pesado e desvia o foco do principal objetivo: ganhar da Argentina. Marquinhos poderia ter segurado a língua até domingo. Aí sim, com a situação resolvida, deveria soltar o verbo - não só ele, aliás, como todos os outros jogadores envolvidos.

2) Como voltou à seleção agora, ganhou notoriedade no Pan-Americano e foi para o banco no Pré-Olímpico (ele mesmo reclama disso na entrevista), Marquinhos dá a entender que o rompante pode ter sido por uma razão muito mais pessoal do que coletiva.

Em todo caso, mesmo na hora errada e com motivações duvidosas, ele falou. Falou coisas que deveriam mesmo ser faladas, e que a comissão técnica vinha negando. O clima para Lula Ferreira após a competição fica absolutamente insustentável, a não ser que todos os jogadores digam que o Marquinhos enlouqueceu e isso é tudo mentira - pelas informações de bastidores que já circulavam, não há nada de mentira ali.

Nezinho se recusa a entrar em quadra

Aqui está o vídeo da ESPN Brasil com o momento em que Nezinho, no banco de reservas, se recusa a entrar na partida. A atitude é lamentável e só mostra como a falta de comando na seleção é evidente - e triste.

Marquinhos joga tudo no ventilador


Para quem ainda não viu, segue a íntegra da entrevista do Marquinhos ao repórter David Abramvezt, publicada na edição desta sexta-feira do jornal Lance!.

LANCE!: O que foi discutido e definido naquela reunião entre os jogadores, após a derrota para Porto Rico?
MARQUINHOS: Todo mundo está vendo as cagadas do Lula. O cara está perdido. Nós procuramos entender o motivo de o time estar jogando tão mal. Todo mundo falou e tentou achar uma forma de se ajudar. Falamos que era importante jogar como equipe, sem ninguém querer ser individualista. Ficou combinado que os jogadores iriam decidir quem definiria as jogadas, quanto cada um precisaria jogar. Depois da nossa reunião, a comissão técnica entrou e passamos para o Lula que nós iríamos ter mais voz e comando.

L!: Como o Lula reagiu?
M: Não teve muito o que falar. Ele disse que respeitava os jogadores. Antes, só respeitava o Nenê e o Marcelinho Machado. Ele puxa o saco dos dois. Foi só ver no jogo contra o México, o time já foi bem melhor com os jogadores mandando mais.

L!: Qual a principal reclamação dos jogadores em relação ao trabalho da comissão técnica?
M: O Lula é bom para clube, Seleção é outra coisa. Ele não tem noção. Os treinos são muito fracos. O time não tem tática, jogadas de ataque bem feitas. Ele erra na rotação. Tudo isso que qualquer um vê. Os que jogaram o Mundial falaram que, no Japão, ele disse para confiar no trabalho dele, que ele sabia o que fazer. O Brasil foi muito mal (17º lugar) e ninguém mais acredita nele.

L!: Não existe nenhum racha entre os jogadores?
M: Não existe racha. São todos contra o Lula. O grupo está fechado. Todos estão unidos pelo objetivo de voltar para a Olimpíada. Tem gente que não é amiga, mas está se respeitando. O mais importante é classificar o Brasil para a Olimpíada. O que irrita todos é o trabalho do Lula e da comissão.

L!: Você chegou a dizer que jamais voltaria a jogar na Seleção com o Lula no comando. Ficou quase três anos fora, mas decidiu voltar para jogar o Pan do Rio. Vai atender outra convocação dele?
M:
Não volto mais, não preciso disso. Os meus empresários também acham. Concluí que só fui convocado porque sou jogador da NBA. Ele se sente na obrigação. No Pan e nos amistosos em Porto Rico, eu fui um dos melhores. Mas acho que só joguei tanto porque o Alex estava machucado. Daí chegou no Pré-Olímpico e o cara me colocou cinco minutos por jogo. Fui cobrar e ele disse que joga quem tiver mais tempo de Seleção. Ele faz a panela dele e não muda de idéia. O Guerrinha disse para o (pivô) J.P. Batista que ele não vai jogar muito no Pré-Olímpico, e sim no Sul-Americano. O cara está tentando NBA e jogando muito. Isso tira a vontade.

L!: Você diz que o Lula é culpado pela irregularidade da Seleção. Mas os jogadores estão rendendo bem?
M:
Falta entrosamento e treinos para isso. É muito mais difícil conseguir que a equipe ganhe conjunto com um técnico ruim. Mas com vários jogos, a equipe vai melhorando e pode jogar bem contra a Argentina e se classificar para a Olimpíada.

L!: Você acha que o Lula vai cair depois do Pré-Olímpico?
M:
Os jogadores estão focados na vaga olímpica. Depois, pode até ter um movimento para derrubar ele.

Câmera Rebote: vem aí o jogo da década

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quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Brasil x Uruguai: comente aqui

Provavelmente só vou conseguir atualizar o site de novo ao fim da rodada. Estou voltando para o SporTV, já que o Bial teve um problema de saúde (torço, e sei que vocês também, por uma recuperação rápida). Sendo assim, a caixinha está aberta para os comentários do jogo do Brasil.

O vídeo da reclamação

Se ainda não viu, clique aqui para ver a reclamação dos jogadores com a jornalista Valéria Zukeran, do Estadão, após o jogo de ontem. Foi menos agressivo do que eu imaginava, mas ainda assim não se justifica o fato de quatro marmanjos intimidarem uma garota. Se realmente julgou que era preciso, Lula poderia ter chamado a repórter para uma conversa reservada.

Negligência

Por Fábio Balassiano

Ao fim da partida, Lula Ferreira reclamou da quantidade de lances livres cobrados por Luis Scola. Ele tem razão e culpa. Se o ala-pivô argentino foi 18 vezes à linha fatal, foi por culpa da péssima marcação brasileira e pelas soluções adotadas no ataque (que privilegiam os arremessos de fora, excluindo o jogo de contato no garrafão), e não por negligência dos árbitros. Além disso, com o aproveitamento de 68%, o Brasil é o segundo pior neste quesito (e são 24.7 por partida, com acerto de somente 16.9 - quase oito pontos no lixo), fato que o treinador não menciona.

Quer ver outro tipo de negligência de Lula e sua trupe-técnica? Com exceção das partidas contra México, Venezuela e Estados Unidos (cujos jogos já estavam decididos no período final), o Brasil perdeu todos os quartos períodos neste Pré-Olímpico. Contra Canadá (-2), Ilhas Virgens (-5), Porto Rico (-11) e Argentina (-8), a média é: 6,5 pontos de déficit, ou 25 a 19 para os adversários. Nos momentos decisivos, a seleção peca, e peca muito.

Que Lula se espelhe no técnico rival Sergio Hernandez, que após o Mundial do Japão assistiu a todas as partidas do campeonato por inúmeras vezes e radiografou as principais nuanças táticas dos adversários (sem variação, fica fácil para ele marcar a seleção brasileira em qualquer competição e com quaisquer atletas).

Como escrevi ontem, o Brasil tem mais potencial técnico que a Argentina que está em Las Vegas. Mas, no basquete, isso não é suficiente. E Lula sabe disso. Por isso mesmo deveria chorar menos e estudar e treinar mais.

Câmera Rebote: entregamos o ouro

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Depois da derrota, o barraco


O clima anda mesmo tenso na seleção. Logo após derrota infantil para a Argentina, Lula, Flávio Davis, Guilherme e Marcelinho Huertas foram tirar satisfações com a repórter esportiva Valéria Zukeran, do Estadão/JT, que escreveu a matéria citada aqui ontem pelo Balassiano, sobre as brigas internas (leia aqui). O tom da cobrança foi agressivo, com direito a berros. Espero que, na quinta-feira, jogadores e comissão técnica não fiquem pensando na imprensa e se concentrem apenas no jogo decisivo contra os uruguaios.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Brasil x Argentina: comente aqui

Considerando que os Estados Unidos vão bater o Uruguai hoje e a Argentina amanhã, a situação do Brasil é a seguinte:

- Se vencermos nossos dois jogos, entramos em segundo lugar e enfrentamos a Argentina (terceira).

- Se vencermos um e perdermos o outro (não importa qual), entramos em terceiro e pegamos a Argentina (segunda).

- Se perdermos os dois e o Canadá vencer Porto Rico, ficamos em quinto.

- Se perdermos os dois e o Canadá perder para Porto Rico, aí embola tudo: brasileiros, canadenses e uruguaios ficam com 10 pontos. A conta é complicada, mas em resumo é o seguinte: se perdermos por até sete pontos para o Uruguai, ficamos em terceiro. Por oito pontos, ficamos em quarto. Por nove ou mais pontos, ficamos em quinto. Deu para entender?

O andor


Por Fábio Balassiano

Não restam dúvidas de que, apesar da fraqueza do México, a seleção brasileira mostrou evolução. Foi o jogo com o maior número de assistências (31), menor concentração de pontos (pela primeira vez, cinco atletas somaram mais de 10 pontos e o cestinha da equipe, Leandrinho, marcou "humildes" 21) e a defesa funcionou em alguns momentos (foram 14 roubadas).

Mas não tenhamos ilusões precoces: os equívocos de sempre ainda estão lá, e não são corrigidos com reuniões recheadas de palavrões - se você ainda tem dúvida de como está o clima em Las Vegas, clique aqui. Pode parecer repetitivo, e é, mas não serão Nenê, Leandrinho e Guilherme com suas sugestões que resolverão o problema. O pivô do Denver, por exemplo, "sugeriu" à comissão técnica, de maneira pouco educada aliás, que o Brasil trocasse mais passes, explorasse mais os pivôs e não vacilasse nas transições defensivas (reclamações legítimas, diga-se).

Nenê sabe, porém, que melhorias técnicas, táticas e de fundamentos se resolvem na quadra de treinamento, e não na de jogo. Infelizmente, não há tempo para corrigir tais erros com precisão. Contra adversários decentes, o número de pontos em contra-ataque não se repetirá (ontem foram mais de 20), não serão permitidas tantas segundas chances (ontem foram 13) e dificilmente a seleção passará dos 100 pontos (os 104 de ontem foram a pontuação máxima do país no Pré-Olímpico).

E a Argentina é um time decente.

Não é melhor ganhar hoje e perder amanhã?


Tenho ouvido por aí que o jogo de hoje, contra a Argentina, não vale tanto. Os próprios atletas do elenco já falam
em descansar para vencer o Uruguai na quinta-feira e garantir a terceira posição. Pronto, lá fui eu de novo para a calculadora. Pensem comigo e vejam se fiquei maluco de vez.

Se o Brasil vencer a Argentina logo mais, às 21h30, garante sua classificação em terceiro, ainda que depois tropece nos uruguaios. Perdendo para os americanos hoje, a Celeste chegaria no máximo aos 10 pontos - e o Brasil teria 11, mesmo com a derrota na última rodada. O Canadá, ainda que vença as duas, também chegaria a 11, mas perderia para o Brasil no critério de desempate, graças ao confronto da estréia.

Juntando isso à informação de que a Argentina vai poupar os titulares hoje (é o que dizem os jornais de lá), não seria melhor apostar numa vitória agora, garantir a vaga, ganhar moral e descansar o time contra o Uruguai?

Acho pouco inteligente usar os reservas, arriscar uma derrota contra um arqui-rival e deixar para decidir contra um Uruguai faminto, sabendo que, se eles ganharem, tomam a nossa posição no confronto direto - neste caso, se o Canadá bater México e Porto Rico, pula para terceiro e o Brasil não fica nem em quarto! Do jeito que coisa vai, é melhor se garantir logo...

Sem ilusões, mas pelo menos vencemos


Contra o México, a seleção brasileira conseguiu se levantar e, pelo menos, evitou a tragédia completa que seria mais uma derrota. A esburacada defesa mexicana não permite que a gente se iluda com o resultado, mas ainda assim o nosso elenco mostrou sinais animadores. Vamos a alguns pontos sobre a partida.

- Nos oito primeiro minutos do terceiro quarto, o Brasil jogou seu melhor basquete em todo o Pré-Olímpico até agora. A formação tinha Nenê, Guilherme, Marcelinho, Leandrinho e Valtinho, mas não foi só uma questão de nomes. O ataque mostrou uma consciência que a gente ainda não tinha visto, e as trocas de passe foram feitas com perfeição. Nenê estava mais agressivo, com três cravadas seguidas, Leandrinho fez 11 pontos, Marcelinho jogou coletivamente (seis passes) e Guilherme entrou muito bem. Resultado: abrimos 32 pontos.

- Cá entre nós, ajudou bastante a tática suicida do Nolan Richardson. Em dois momentos do terceiro período, ele substitui os cinco jogadores de uma vez. Diz aí, Texano: será que o seu conterrâneo fazia isso na Universidade de Arkansas?

- Em 22 minutos, Guilherme anotou 10 pontos, cinco passes, quatro rebotes, três roubadas e nenhum desperdício. A partir de agora, chega de poupar o cara, né.

- Quando a vantagem caiu para 12 pontos no quarto período, fiquei bravo de novo. Mas aí pensei bem: se fosse com a Argentina (o que aliás já aconteceu), a gente diria que, "com o jogo decidido, eles tiveram um relaxamento natural e só administraram a vitória". Então não vale a pena gastar crítica à toa.

- A reportagem da ESPN Brasil com a bronca do Marcelinho no Nenê (ainda não viu? clique aqui) deixa claro que o caldeirão ferveu na partida contra Porto Rico. Diante do México, no entanto, o clima parecia mais leve. Como não estou em Las Vegas e não posso apurar direito, fica difícil opinar de longe, seria um mero pitaco. Em todo caso, tomara que os jogadores tenham, de fato, lavado a roupa suja na tal reunião.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Brasil x México: comente aqui

Hora de fazer contas


Não duvido mais que o Brasil perca para o México, para a Argentina, para o Uruguai, para a Macedônia ou para o Cazaquistão. Perdida, a equipe verde-amarela pode até ficar fora do Pré-Olímpico Mundial, como diz o Fábio. Mas se o cenário é trágico dentro da quadra, fora dela as contas estão a nosso favor - por incrível que pareça.

No plano numérico, temos boas chances de ficar em terceiro e fugir do cruzamento com os Estados Unidos na semifinal. Uruguai (seis pontos) e Porto Rico (cinco) ainda enfrentam os americanos. Ou seja, se o Brasil derrotar mexicanos e uruguaios, pode até perder para a Argentina amanhã, desde que o Canadá também perca hoje.

O problema é que, diante do que vimos ontem, quem garante o dever de casa? Eu não garanto mais nada.

Chega

Por Fábio Balassiano

Pode parecer oportunismo, crônica de ocasião. Não é. Quem acompanha este espaço sabe.

A seleção brasileira teve outra atuação patética, e isso não surpreende mais. Todas as partidas no Pré-Olímpico foram assim – pessimamente jogadas, coletivamente falando. Se derrotou Canadá (com sofrimento), Ilhas Virgens (com sofrimento) e Venezuela (um timeco), foi por causa da qualidade de Leandrinho – além dele, apenas Splitter registra mais de dez pontos por partida. E apenas isso.

Não faltam "apetite", "atitude", "coração" e "garra" ao time. Estes chavões dos quais os comentaristas adoram se valer servem para esconder, inutilmente, os erros de preparação, os erros de treinamento, os erros de escolha de Lula Ferreira e de sua comissão técnica. É inacreditável que qualquer time do mundo tenha mais padrão de jogo que o Brasil, que não tem uma única variação tática no ataque e a única que existe no outro setor (a defesa por zona) seja falha (vide os "clarões" no garrafão pós-rotações).

Tentei ser otimista antes do torneio. Depois do primeiro vexame contra o Canadá, meu irmão sacramentou: “Não vai dar”. Duvidei, disse que melhoraria. Errei. O Brasil não melhorou, não se classificará para Pequim via Las Vegas e tenho medo de que não consiga sequer uma vaga no Pré-Olímpico mundial do próximo ano.

Escrevi isso há um ano, após o fiasco no Mundial do Japão, e repito agora: o basquete brasileiro acabou. Parabéns, Grego! Solução? Há, lógico que há, mas é papo para outro texto.

Câmera Rebote: como torcer desse jeito?

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segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Brasil x Porto Rico: comente aqui

Lá vamos nós para mais uma partida da seleção brasileira. Espero que ela represente um passo adiante na caminhada rumo à vaga nas Olimpíadas de Pequim. Você, claro, pode ficar à vontade na caixinha!

A recompensa pelo trabalho bem feito



Antes do jogo de domingo, Kobe Bryant foi até os coordenadores de vídeo da comissão técnica dos Estados Unidos e encomendou, pessoalmente, um DVD que ilustrasse o repertório ofensivo de Leandrinho. O material ficou pronto num piscar de olhos, com cerca de 200 jogadas do brasileiro no Phoenix Suns e na seleção. Além das imagens, Kobe recebeu ainda um relatório estatístico com o percentual de aproveitamento de Leandrinho em cada um dos seus movimentos preferidos no ataque.

Aliada a um estupendo talento defensivo, a lição de casa rendeu o resultado que nós vimos na quadra: o brasileiro registrou quatro pontos, 1/7 nos arremessos, quatro desperdícios e nenhuma assistência.

Três pontos na segunda fase

1) Argentina, Uruguai e Porto Rico não são Venezuela, Canadá e Ilhas Virgens. Se o Brasil repetir o basquete irregular da primeira fase...

2) Uma vitória contra os hermanos, na quarta-feira, nem chega a ser fundamental, desde que a gente faça o dever de casa contra os outros.

3) Contra os chutadores compulsivos de Porto Rico, espero que a nossa defesa de perímetro não seja uma mãe, como foi para os americanos.

Câmera Rebote: a primeira derrota e o futuro

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O quase-vexame dos hermanos


A partida entre Argentina e Panamá acabou às 3h30 da manhã, mas valeu a pena ficar acordado pelo clima dramático dentro da quadra. Nossos vizinhos queridos jogaram muito mal, não conseguiram repetir a eficiência coletiva das três primeiras rodadas e só arrancaram a vitória porque os panamenhos fizeram muito esforço para entregar o jogo - venciam por sete pontos nos últimos minutos do quarto período e permitiram a prorrogação. Detalhe: o triunfo do Panamá significaria a classificação da equipe (que enfrentaria o Brasil hoje) e a eliminação de Porto Rico. Carlos Arroyo, por sinal, estava lá, roendo as unhas na arquibancada. Foi divertido, muito divertido.

A primeira fase, então, ficou assim:

Grupo A: 1) Argentina; 2) Uruguai; 3) Porto Rico; 4) México.

Grupo B: 1) EUA; 2) Brasil; 3) Canadá; 4) Venezuela.

Confira o calendário de segunda fase ali à direita, no menu.

domingo, 26 de agosto de 2007

Brasil x EUA. Comente aqui

Está vendo o jogo? Até que o Brasil não fez feio no primeiro quarto. Fique à vontade na caixinha para comentar ao longo da partida.

O midas espanhol


Por Fábio Balassiano

Time de melhor campanha na primeira fase das Olimpíadas de Atenas, a Espanha foi precocemente eliminada nas quartas-de-final pelos Estados Unidos. Não seria uma vergonha, mas a federação local decidiu se coçar. Trocou o técnico e colocou o enérgico Pepu Hernandez, conhecido por sua tara por treinamentos e um rigor defensivo fora do comum, para dirigir a mais talentosa geração espanhola dos últimos 20 anos (qualquer lembrança não é mera coincidência).

O resultado foi rápido. Campeã mundial dois anos depois, a seleção espanhola está há 24 jogos invicta, os mesmos 24 jogos em que foi dirigda por Pepu. Netes, foram 2.124 pontos feitos (média de 88,5) e 1.585 (66,1 sofridos), um saldo de mais de 23 pontos por partida.

A conclusão deste texto é clara: a seleção brasileira de basquete precisa de técnico, comissão técnica e treinamento. Se quiserem ler como padrão de jogo, fluidez, disciplina e responsabilidade tática, pode ser...

Voltamos à estaca zero. E lá vêm os EUA...

Logo de cara, peço desculpas por ter "abandonado" o site no sábado, mas vocês, como sempre, deram conta do recado na caixinha. Muito bacana. Nada bacana, claro, foi a atuação do Brasil contra Ilhas Virgens. Confusa no ataque e relapsa na defesa, a equipe penou para derrotar um adversário limitadíssimo. A vitória, ao menos, nos livrou de uma tragédia antes do confronto com os americanos. Mas a performance foi muito preocupante.

Antes de entrar na análise da seleção, dê um clique aí ao lado e confira o recado que o Roby Porto gravou para a gente lá no ginásio da Universidade de Las Vegas, logo após a partida deste sábado, comentando a expectativa para o jogo contra os Estados Unidos.


Agora vamos ao que rolou contra a poderosa esquadra de Ilhas Virgens.

- Começo por um assunto que movimenta os comentários: infelizmente, Lula efetivou Nezinho como substituto de Valtinho. Eu de fato acreditei que a utilização do armador no último quarto contra a Venezuela tinha sido apenas para lhe dar ritmo - ok, vocês bem que me avisaram. Pelo visto, aquilo foi mesmo um vestibular, para esconder Huertas no banco e valorizar o jogador "de confiança", "protegido", seja lá qual for o termo.

- Leandrinho se destacou, com 36 pontos. A performance individual é louvável, mas significa que o equilíbrio ofensivo voltou a sumir, assim como na estréia. O cenário fica ainda mais desolador para quem viu, já na madrugada, a Argentina dando mais uma lição coletiva, agora contra o México.

- Outro tropeço de Lula foi ter colocado Marquinhos no segundo quarto, quando o Brasil vencia por apenas dois pontos. Pior ainda foi mantê-lo até mesmo com a volta de Marcelinho, a 2:50 do intervalo, numa formação com apenas um pivô. Marquinhos é bom jogador, tem um belo futuro pela frente na seleção brasileira, mas não tem conseguido render na competição. E não foi diferente no sábado. Com essa formação equivocada, levamos 16 pontos seguidos de Ilhas Virgens, o que absolutamente inadmissível.

- No terceiro período, uma formação também estranha (Nenê, Marcelinho, Alex, Leandrinho e Valtinho) acabou dando certo. O time apertou a defesa, roubou três bolas seguidas, acertou o jogo de transição e virou o placar. Mais que isso, chegou a abrir 11 pontos. Ali, sinceramente, eu achei que tudo estava sob controle.

- A vantagem chegou a 13 no último quarto, mas aí veio outra pane inexplicável. Outro pesadelo. O adversário chegou a cortar a diferença para três, e se não fosse um rebote ofensivo do Valtinho na reta final, não sei não...

- E agora, dá para ganhar dos Estados Unidos, que bateram Ilhas Virgens por 64 pontos? Bem, no esporte nada é impossível, mas tudo indica que teremos um longo domingo. Tomara que eu esteja errado.

sábado, 25 de agosto de 2007

Vou ali e já volto

Hoje devo fazer o Basketmania, do SporTV, às 15h30, 18h30 e 21h, o que vai dificultar as atualizações do site até o fim do dia. Se eu não conseguir escrever de lá, faço o balanço geral quando acabar, ok? Enquanto isso, conto com vocês para manter o debate vivo na caixinha. Até logo!

Três pontos nos uniformes

1) "Murillo", com dois "L"? É assim que o nome do pivô está grafado na camisa. Foi erro na confecção do uniforme? Erro em todos os registros do site da CBB? Ou será que é numerologia?

2) Leandrinho usando "Barbosa", a gente até entende. Agora, Alex usando "Garcia" é muito estranho. E o nome do Nezinho continua com um terrível acento no "E" -
e não é a primeira vez, hein.

3) Porto Rico, Panamá e Estados Unidos têm os uniformes mais bacanas do Pré-Olímpico. O troféu-cafona vai para Ilhas Virgens.

Uma vitória fácil e um passo adiante

Com 101-75 em cima da Venezuela, o Brasil subiu um degrau. Não só pelo triunfo, mas por ter evoluído em relação à estréia no aspecto coletivo. Ainda não é o ideal, claro - e o adversário era realmente muito fraco, ao contrário do que eu tenho ouvido por aí. Mas houve uma nítida melhora em alguns pontos. Vamos em frente, amigos, temos muito a conversar:

- Marcelinho estava num "dia sim". As bolas caíram e ele foi o cestinha da seleção, com 20 pontos. Isso não significa, veja bem, que os arremessos foram menos precipitados. Mas desta vez eles funcionaram e foram fundamentais - até porque Leandrinho estava sumido. No primeiro quarto, quando o ala marcou 11 pontos, quase todos os chutes (três caíram) foram forçados. Não por culpa dele, e sim pela falta de opções ofensivas do time. A primeira bola realmente trabalhada para Marcelinho matar de três (e esta, por coincidência, ele errou) só veio no início do segundo período, com uma bela troca de passes no ataque.

- Muita gente falou nos comentários sobre o Nezinho, que jogou 14 minutos, contra nove do Huertas. Não condeno Lula por isso. E explico: o treinador cometeu um erro, sim, quando colocou Nezinho no lugar de Valtinho a três minutos do fim do segundo quarto. Huertas tinha entrado muito bem no primeiro e merecia voltar ali, quando o jogo ainda não estava decidido. Os outros 11 minutos Nezinho só jogou no último período, quando a fatura estava liquidada. Aí, sinceramente, não reprovo Lula, que fez uma opção clara de dar ritmo a quem precisava - Nenê, Guilherme, Alex, Marquinhos e... Nezinho, que não jogou a estréia. Normal.

- Valtinho, o titular da armação, foi fundamental no terceiro quarto, quando o Brasil deslanchou no placar. E Huertas, em nove minutos, jogou bem melhor do que vinha jogando desde o Pan. Alex também melhorou muito.

- Leandrinho foi nosso segundo cestinha, com 15, mas o número é ilusório. Esses pontos só vieram no fim, com a parada decidida. O ala-armador, que fez autocrítica em entrevista reproduzida aqui, começou negando o discurso. Foi fominha ao extremo e, para piorar, errou tudo. Noite ruim do Barbosa, espero que seja a última no torneio.

- Marquinhos, infelizmente, está perdido em quadra. Na defesa, então, chega a ser constrangedor. Basta uma leve troca de passes para que ele fique no meio do caminho, olhando de um lado para o outro, sem marcar ninguém.

- A gente reclama muito da formação do jogador aqui no Brasil, mas convenhamos: é inacreditável que, desde os 15 anos na Espanha, Tiago Splitter nunca tenha encontrado por lá alguém capaz de lhe ensinar a bater lance livre. A mecânica é toda errada, a bola sai sem arco, um tijolo rumo à cesta. É o ponto fraco de um excelente jogador.

- A propósito, o aproveitamento do time foi de 56.7%. Que drama.

- Gostei do Nenê. O pivô se movimentou bem no segundo quarto (sete pontos, 3/3 nos arremessos, três rebotes), usou o potencial físico e pareceu mais desenvolto no ataque e na defesa. Cansou, mas isso já era esperado.

- Falando em homens de garrafão, Murilo também evoluiu em relação à estréia, e Guilherme precisa de ritmo. O fato é que Lula precisa dar mais tempo a JP Batista. Nos primeiros cinco minutos em que substituiu Tiago, o pernambucano pegou quatro rebotes. Terminou com 12 minutos, quatro pontos e cinco rebotes - o melhor do Brasil neste fundamento.

Brasil x Venezuela, o primeiro tempo

No intervalo, a seleção vence por 43-36. Marcelinho é o cestinha, com 14 pontos, acertando quatro em sete da linha de três. Apesar de nitidamente cansado, Nenê foi bem. Jogou o segundo quarto inteiro e mostrou boa movimentação no ataque. (sete pontos, três rebotes).

Pontos negativos: o ridículo aproveitamento de 55% nos lances livres (Nenê tem boa parte da culpa); a performance pífia de Leandrinho (três pontos, 1/5 nos chutes) e dois erros graves de rotação no segundo período: Lula deveria ter voltado com Huertas, que foi bem no primeiro quarto, mas lançou Nezinho; e deveria ter voltado com JP, que foi muito bem no início do jogo, mas manteve uma formação sem ala-pivô, com Marquinhos na posição 4. Marquinhos, aliás, está completamente perdido.

Ainda assim, dá pra ganhar com tranqüilidade. Na Venezuela, Romero é o grande destaque e a nossa defesa ainda não arrumou um jeito de freá-lo. Mas tirando ele, não há muita coisa que preste nessa equipe.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Os hermanos e a arte da paciência


Para quem achou que Porto Rico daria uma sapecada na Argentina, os hermanos mostraram mais uma vez a importância de não perder o controle emocional. Sem se afobar, a equipe apagou uma desvantagem de 14 pontos e venceu por 85-77. Luis Scola, que acertou apenas dois de seis arremessos no primeiro quarto, manteve a cabeça no lugar e comandou as ações com 22 pontos e 11 rebotes.

Prigioni, mesmo sem brilhar tanto, deu sua cota de sete assistências, e Delfino contribuiu com 15 pontos e oito rebotes. Além disso, reservas como Quinteros e LoGrippo também foram importantes.

Porto Rico acertou tudo no começo do jogo e errou tudo na segunda metade. O aproveitamento nos chutes de três pontos, que beirou a perfeição no quarto inicial graças a Arroyo e Ayuso, caiu para 27% ao fim da partida. O alto e limitado Peter John Ramos, quando finalmente conseguiu pegar rebote na vida (foram 12), deu azar: machucou o joelho ao cometer sua quinta falta.

Brasil terá o mesmo quinteto titular

É o que me diz o Roby Porto, que acaba de receber a lista oficial no ginásio em Las Vegas: Valtinho, Leandrinho, Marcelinho, Murilo e Splitter.

Esperança


Por Fábio Balassiano

Todo ser humano tem suas teses, principalmente as que parecem (e às vezes são) estapafúrdias. Tenho algumas que, sinceramente, não parecem tão longe da realidade. Vamos a elas, mesmo sabendo que virão pedradas ali na caixinha.

- Se fosse bem treinado e contasse com Anderson Varejão, o Brasil teria chances de derrotar os americanos em Las Vegas (assim como não tenho dúvidas de que, completa, a Argentina derrotaria os donos da casa). O fato, infelizmente, é: Varejão não está lá, a seleção não tem fluidez alguma e, o pior, Kobe Bryant é dono de um instinto assassino jamais visto em equipes nacionais dos EUA.

- Indo além, digo até que existem pouquíssimas seleções (Espanha, Grécia e... e...) que possuem a reserva técnica de que Lula Ferreira dispõe, mas não sabe utilizar. Leandrinho, Marquinhos e Nenê, para ficar somente neles, têm jovialidade, potencial físico e criatividade para fazer o Brasil figurar entre os melhores. O fato é: sem um pingo de coletividade e trabalhos táticos, todo o valor individual é facilmente marcado pelos rivais.

Apesar de a esperança ter vencido o medo uma vez, como diz o presidente da República que tem o mesmo apelido do técnico da seleção, tenho receio de que jamais verei a melhor geração dos últimos 20 anos entre as melhores do mundo.

Baby na Rússia


Por Fábio Balassiano

Depois de três frustrantes temporadas na NBA, parece que o sonho de Rafael Araújo, o Baby, acabou. Com a contratação do ucraniano Kyrylo Fesenko, o brasileiro recebeu da direção do Utah Jazz apenas a opção de um contrato não garantido. Decidiu, então, cruzar fronteiras e tentar nova sorte no Spartak St. Petesburgo, da Rússia, com o qual assinou contrato (a equipe faz parte da divisão principal local, mas não disputa a Euroliga, principal torneio do continente).

A minha opinião é que será ótimo para Baby, cujo rendimento nas quadras profissionais americanas jamais foi parecido com o que obteve em tempos universitários na BYU. Longe das pressões por ter sido escolhido (equivocadamente) como o oitavo no draft de 2004, o pivô terá tempo de quadra, "carinho" por parte da comissão técnica e mais respeito dos adversários. Poderá aprimorar seus fundamentos, ganhar mais classe à européia e mostrar seu potencial. Caso brilhe em solo russo, poderá voltar ao basquete dos Estados Unidos para uma verdadeira prova dos nove.

Três pontos nos EUA

1) A vitória por 123-59 sobre Ilhas Virgens foi a segunda maior da história da seleção americana. Só perde para os 116-48 (68 pontos) contra Angola na estréia do Dream Team em Barcelona.

2) Apenas 5.554 pessoas viram o jogo no ginásio, cerca de mil a menos do que na partida contra a Venezuela. A capacidade da arena é de 18 mil.

3) Enquanto isso, no mundo da NBA, Reggie Miller anunciou que, apesar de estar bem fisicamente, não vai voltar às quadras. Decisão correta.

Câmera Rebote: Leandrinho e o jogo coletivo

Brasil em quadra hoje. Veja e comente na caixinha.

A hora do espetáculo. E que mal há nisso?



O que aconteceu na noite de quinta-feira foi muito claro: a seleção americana abriu 29 pontos no primeiro quarto contra Ilhas Virgens e se sentiu à vontade para dar show. Os jogadores não tiveram cerimônia para criar lances mirabolantes. Nem por isso perderam a eficiência, tanto que duplicaram a vantagem e venceram por assustadores 64 pontos (123-59).

Nem dá para analisar o jogo taticamente, tamanha a diferença de qualidade entre as equipes. Só não vou concordar - digo logo de antemão - se alguém disser que os EUA menosprezaram o adversário, que foram arrogantes, que assistência jogando a bola na tabela é deboche, esse papo todo que a gente está cansado de ouvir - não só no basquete, aliás.

Não sejamos ranzinzas. Jogar bonito não é pecado. A não ser que você descuide da defesa e dos fundamentos só para fazer gracinha, o que definitivamente não é o caso. Com diz a ministra, relaxem e... aproveitem.

Alô, ianques: a culpa é dela!


Achou bonita a mocinha da foto? Pois saiba que, se não fosse ela, talvez os Estados Unidos fossem hoje os campeões mundiais de basquete. Achea Williams, filha de um pastor evangélico na cidade de Columbus, é a esposa de Michael Redd. Por causa do casamento, ele foi dispensado da seleção americana que disputou o Mundial no Japão. Com um chutador feito ele, talvez a história tivesse sido outra.

Desta vez, casado e feliz, Redd está em quadra. No primeiro quarto contra Ilhas Virgens, fez 15 pontos, acertando três das quatro bolas de três que tentou e os quatro lances livres. Resultado, EUA 42-13.

Só confirmando: este é o placar do primeiro quarto.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Então o Canadá, "candidato à vaga"...

... "ótimo time", que assustou o Brasil... é esse mesmo bando que suou até o último minuto para bater a fraquíssima Venezuela?

Basquete coletivo? Tática? Equilíbrio?


Para variar, tudo isso estava lá, de forma nítida, na desfalcada Argentina. Mesmo sem Ginóbili, Nocioni e Oberto, os hermanos apostaram no que têm de melhor para atropelar o Uruguai: a consciência tática. Poucos países no mundo sabem tratar tão bem uma bola de basquete. Na falta de Pepe Sanchez, o maestro da vez é Pablo Prigioni. Com 20 pontos (incluindo cestas fundamentais) e cinco assistências, ele comandou a fácil vitória por 90-69.

Destaque também para a turma do garrafão - Scola, Gonzalez, Lo Grippo e o ala Sandes. Todos se movimentam muito bem e se integram perfeitamente ao esquema de jogo. A defesa, de quebra, limitou Batista e anulou Mazzarino.

Delfino, ainda se recuperando de lesão, foi discreto, mas Sergio Hernandez acertou ao deixá-lo em quadra até o fim, quando o placar já era elástico, para pegar condicionamento - Nenê precisa exatamente disso.

Com ou sem os astros, a Argentina continua anos luz à nossa frente em termos de tática e basquete coletivo. Ainda acho que o Brasil tem obrigação - e condições - de vencer, pela maior qualidade no elenco. Mas, para isso, vai ter que jogar bem mais do que jogou ontem contra o Canadá.

23 de agosto de 1987


Por Fábio Balassiano

Há 15 anos, o técnico norte-americano Chuck Daly disse, após a conquista do ouro olímpico em Barcelona, que, devido à troca de informações e ao intercâmbio de atletas, a seleção de seu país não teria moleza dali por diante. Ele acertou, mas errou também.

Daly se esqueceu do dia 23 de agosto de 1987, quando, comandados pelo genial Ary Vidal (como faz falta ao basquete brasileiro...), Oscar, Marcel, Israel, Guerrinha, Gerson, Paulinho Villas Boas, Rolando, Cadum, Pipoka, Maury, André e Sílvio derrotaram pela primeira vez uma seleção dos Estados Unidos em seu território. Foi no Pan-Americano de Indianápolis, por 120-115, com 46 pontos de Oscar e 31 de Marcel.

Muita coisa já foi contada a respeito da vitória (como a preleção de Ary na manhã da partida, quando disse um singelo "vão lá e façam o que vocês sabem, e será suficiente"), muitas histórias foram ditas (como a do papo do intervalo, quando o Brasil perdia por 14 e não por 15 pontos), mas creio que pouca gente tenha a verdadeira noção do legado da data que hoje completa 20 anos.

Duas décadas se passaram, e os Estados Unidos não vencem uma competição de alto nível há sete anos, os últimos campeões de Olimpíadas e Mundial foram quatro países diferentes (EUA, Sérvia, Argentina e Espanha - fato impensável para qualquer outro esporte) e o Brasil desaprendeu a jogar, perdendo a maior chance de "utilizar" o boom da modalidade. E isso é o mais triste. É triste detectar que o feito iniciado por Oscar e Marcel tenha representado a "carta de alforria" para os outros.

Após o primeiro passo, hora de corrigir erros

O mais importante na estréia do Brasil, claro, foi a vitória, que evita uma bola de neve semelhante à do Mundial 2006. Dito isso, confesso que estou aliviado. Mas não satisfeito. Mesmo descontando o nervosismo e a falta de entrosamento, a seleção apresentou uma performance pobre no plano tático. O sentido coletivo que vimos em vários momentos do Pan sumiu logo no primeiro desafio em Las Vegas. Vamos a algumas questões:

- Começando com a mais agradável de todas: a atuação de Leandrinho. Com 30 pontos, cinco assistências e quatro rebotes, o ala-armador mostrou uma outra atitude em relação ao que vimos no Japão. Como líder do time, chamou a responsabilidade. Foi muito mal nos chutes de três (3/12) e precisa melhorar, mas ainda assim merece crédito.

- Outro ponto curioso: Nezinho sequer entrou. Ao que parece, Lula percebeu, na Copa Tuto Marchand, que ele não pode ser o reserva na armação. O técnico, no entanto, podia ter dividido um pouco mais as tarefas (Valtinho jogou 34 minutos, sobraram apenas seis para Huertas).

- As entrevistas, de maneira geral, também foram boas. Ao contrário do tom cor-de-rosa no Mundial, quando tudo era lindo, os jogadores admitiram erros e fizeram autocrítica (algumas até pesadas, como a do Leandrinho).

- JP Batista pode ser mais aproveitado. A consciência tática e o domínio dos fundamentos saltam aos olhos, é nítido. Só precisa controlar as faltas.

- Por falar nos pivôs, não gostei do começo com Nenê no banco. Acho que perdemos uma chance de dar moral e ritmo de jogo ao pivô. Não se engane, ainda que o considere marrento: ele será fundamental na campanha e precisa estar em forma. Se não conseguimos isso na preparação, que seja agora, nos três primeiros jogos.

- Conversando com o David Abramvezt, repórter do Lance, ele lembrou um ponto interessante: o enfraquecimento da posição 3 (Marcelinho foi mal, Marquinhos teve cinco minutos e Guilherme nem entrou) sobrecarregou a defesa no garrafão. Daí o excesso de faltas - Nenê e Splitter eliminados, Batista pendurado. Machado, que voltou a falhar nos arremessos (1/9), até que fez um bom trabalho marcando Carl English no fim da partida.

- Aquela pane no início do quarto período foi de gelar a espinha...

- Na quinta-feira, a equipe treina às 19h30 (horário de Brasília). É uma chance de melhorar o condicionamento e liberar o povo para jogar mais (refiro-me principalmente a Nenê, Alex e Guilherme). Vamos em frente.

O dilema do trio de alas


A seleção americana estreou com um massacre de 43 pontos (112-69), mas cá entre nós, a Venezuela é a Venezuela. Sem querer ser ranzinza, ainda não estou muito convencido de que esse esquema do Coach K é o mais adequado. Na prática, não existe essa história de Carmelo Anthony jogando de ala-pivô. Isso é balela. Os EUA jogam com um armador, três alas e um homem de garrafão, revezando Howard, Stoudemire e (raramente) Chandler - a não ser num pedaço do último quarto, quando Chandler e Amare atuaram juntos, mas aí já era fim de feira.

No geral, há uma opção clara de privilegiar o contra-ataque e o perímetro ofensivo com três laterais que se movimentam sem parar. Isso não significa defesa fraca (no caso desta seleção, não mesmo), mas às vezes há um preço a pagar - a briga dos rebotes.

No primeiro tempo, os americanos pegaram nove, contra 16 da Venezuela. E olha que o adversário tinha um elenco extremamente baixo. Contra times mais altos e com bloqueios bem desenhados embaixo da cesta, o efeito pode ser bem mais complicado.

Eu gostaria de ver, dependendo do oponente, Howard e Stoudemire juntos. O ideal seria ter Chris Bosh para entrar nessa rotação, e eu sei que o desfalque em cima da hora colaborou para sacramentar a formação com três alas. Enfim. Vamos ver como fica mais para frente.

Receita seguida à risca

No primeiro tempo, os americanos jogaram com o caderninho filosófico da USA Basketball embaixo do braço. Todos os mandamentos estavam lá: defesa forte, contra-ataque mortal e rotação frenética (após sete minutos de jogo, só Tyson Chandler não tinha entrado). Superado um momento ruim no primeiro quarto, a seleção do Coach K deslanchou no segundo. A ponto de se dar ao luxo de uma ou outra jogada espetacular - como uma linda trama entre Kidd, Carmelo, LeBron e Kobe, com direito a passe por trás das costas e cravada. Diante de um rival limitadíssimo como a Venezuela, os EUA vão fazendo o dever de casa: no intervalo, 54-34.

Corpos em choque

O jogo entre Estados Unidos e Venezuela começou extrapolando no contato físico. As duas seleções apertam muito na marcação. A diferença, logicamente, está na qualidade de cada defesa: sem recursos, os venezuelanos fizeram sete faltas em três minutos. Os americanos só fizeram a primeira com 7:07 no relógio. Placar: 7-0. Adivinha para quem.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

No sufoco, Brasil estréia com vitória: 75-67


Foi um jogo de altos e baixos, marcado pelo nervosismo. O Brasil tinha time para vencer com muito mais facilidade, mas pecou muito no basquete de meia quadra (o que não é nenhuma novidade). Para a nossa sorte, Leandrinho fez em apenas uma partida tudo o que não tinha feito no Mundial do ano passado. Botou o time nas costas e terminou com 30 pontos, cinco assistências e quatro rebotes. Jogou com personalidade, enfim.

Sem variações táticas, vencemos na base do talento individual, o que pode ser perigoso contra adversários mais sólidos. Há muitos detalhes para a gente comentar, mas isso fica para daqui a pouco. Por enquanto, a caixinha de comentários é toda sua. Vá em frente e fique à vontade.

Quando precisamos do coletivo...

... veio a pane. No início do quarto período, o Canadá emplacou uma defesa por zona, anulou os chutes do Leandrinho, fez 12-2 e empatou o jogo. Nenê subiu de produção, Marcelinho soltou mais um tijolo precipitado, e o placar segue em equilíbrio. Justamente quando melhorava em quadra, Splitter fez a quinta falta. Logo em seguida, Nenê seguiu o mesmo caminho. Que drama...

Leandrinho joga à la Phoenix Suns...

... e não hesita em decidir sozinho, ignorando o relógio de arremesso. O basquete coletivo tão falado por Lula na preparação ainda não apareceu. Força das circunstâncias. Se o jogo de meia quadra não funciona, o talento individual fala mais alto. Não é o ideal, claro, mas é o necessário. No Mundial, não tivemos nem uma coisa, nem outra. Agora, pelo menos, Leandrinho põe o time nas costas. Contra o Canadá, vai funcionando, ainda que aos trancos. Diante de um rival mais forte na defesa...

Fim do primeiro tempo, o Canadá reage

Depois de abrir 13 pontos no primeiro quarto, o Brasil caiu de produção no segundo e foi para o intervalo com a vantagem frágil de 36-33. A equipe sentiu nitidamente a saída de Leandrinho, maior válvula do nosso jogo de velocidade. Sem ele, a seleção se viu obrigada a forçar o cinco-contra-cinco, e aí a coisa fica feia para a gente. Na segunda metade do quarto, ninguém se salvou - nem Splitter, que deveria ter sido substituído.

Segundo quarto, Nenê em quadra

Com menos de dois minutos jogados no segundo período, Nenê finalmente está em quadra. Nos primeiros lances, ele parece sem tempo de bola. É justamente por isso que precisa jogar sempre que possível.

Após cinco minutos ruins, jogo sob controle

O Brasil começou perdido e jogou mal nos primeiros cinco minutos. Murilo fez dois pontos, não pegou nenhum rebote e deu lugar não a Nenê, mas a JP Batista, que entrou bem. Parece que Lula está mesmo disposto a poupar Nenê, o que eu continuo achando que é um erro. Ele precisa ganhar ritmo o mais rápido possível para as partidas mais difíceis.

Depois do começo turbulento, a seleção apertou a defesa e controlou as ações e chegou a fazer 17 pontos seguidos. Splitter e Marcelinho cuidaram dos rebotes e Leandrinho esbanjou na agressividade ofensiva. Com 11 pontos, ele cumpriu seu papel e liderou a equipe.

Nenê no banco. Começamos mal. Muito mal


O quinteto titular do Brasil está escalado com Valtinho, Leandrinho, Marcelinho, Splitter e Murilo. A assessoria da CBB me confirmou que não há nenhum problema físico com o Nenê, a não ser o fato de ele só ter jogado uma partida antes do torneio. Colocá-lo no banco é uma opção tática. Tática e desastrosa, na minha opinião.

Pela fragilidade do adversário, é provável que o Brasil vença com Nenê, Murilo ou qualquer outro homem de garrafão. Mas Pré-Olímpico é coisa séria, não é palco para invencionices.

Ainda que Nenê tenha mais minutos que Murilo ao fim da partida, ainda que esteja em quadra no último quarto, ainda que Murilo faça 40 pontos, a seleção já perde de cara em impacto, em moral, em atitude. Não estamos mais na Tuto Marchand. Isso vale vaga em Pequim. Tomara que tudo dê certo na estréia, mas confesso: não gostei nada da novidade.

O que está havendo com Porto Rico?

Três derrotas em casa na Copa Tuto Marchand, e agora uma estréia desastrosa no Pré-Olímpico. Será que a seleção de Porto Rico esqueceu como se joga basquete? Se você tem Arroyo, Ayuso, Barea, Reyes, Ramos & Cia, é inaceitável perder para um time liderado pelo Horacio Llamas e seus 200 quilos. O jogo, aliás, foi de uma pobreza técnica sofrível, repleto de erros infantis, especialmente no último quarto.

Três pontos

1) Horacio Llamas, ex-NBA, entrou em quadra pelo México contra Porto Rico... e fez o chão tremer. O sujeito está uma bola de gordo!

2) E o ginásio continua vazio, hein. Será o horário ingrato ou esses americanos só querem saber mesmo do próprio umbigo?

3) Quer ler mais sobre o Pré-Olímpico? Então fique de olho nos textos do Marcelo Monteiro, no blog Por Esporte. O homem sabe das coisas.

Uruguai vence com Batista monstruoso


O primeiro quarto foi detestável, mas até que uruguaios e panamenhos conseguiram salvar a estréia no Pré-Olímpico. Após uma boa reação no terceiro período, o Uruguai manteve o equilíbrio no último quarto, levou o jogo à prorrogação e venceu por 88-84.

Para quem continua dizendo que Esteban Batista é um bonde, está aí mais uma prova do talento do pivô. Ele foi o cestinha da partida, com 26 pontos, pegou incríveis 19 rebotes e, de quebra, fez a cesta que empatou o jogo no último segundo do quarto período. Atuação monstruosa.

Nicolas Mazzarino, cérebro da Celeste no Pan, também não decepcionou, com 25 pontos e quatro assistências. Pelo Panamá, destaque para Jaime Lloreda, com 21 pontos e oito rebotes, e Danilo Pinnock (16 e nove).

Os panamenhos ganharam nos rebotes (41-39) e chegaram a abrir 15 pontos, mas cometeram abomináveis 25 erros e tiveram os lindos aproveitamentos de 47% nos lances livres e 16% nos tiros de três.

Tudo pronto para a largada em Las Vegas



Acabo de falar com a assessoria da CBB em Las Vegas. Os jogadores estão treinando arremessos, clima tranqüilo para o jogo de logo mais. Controlar a ansiedade talvez seja a grande missão para a partida contra o Canadá, às 21h30. Com os fracassos recentes e o fantasma da Austrália na estréia do Mundial, esse time carrega um tremendo peso nas costas. Cabe ao elenco, na medida do possível, fugir da pilha e manter a cabeça no lugar. Afinal, precisamos dessa vitória hoje a qualquer custo.

O Pré-Olímpico começa daqui a pouco, às 16h30, com Uruguai x Panamá. Olho na Celeste, amigos. Depois do que vi no Pan, tenho um certo receio com esses caras. A propósito: a programação do SporTV prevê os quatro jogos de hoje ao vivo - o primeiro no SporTV 1 e os outros três no 2.

Herb Brown e os presságios

Por Fábio Balassiano

Se as opiniões e análises do americano Herb Brown, que acompanhou as sessões de treinamento da seleção brasileira masculina em São Paulo, impressionaram Lula Ferreira, parece que o mesmo não se pode dizer da diretoria do Atlanta Hawks, que retirou Brown da comissão técnica da franquia, colocando-o na posição de consultor (o que, a princípio, não quer dizer muita coisa) em seu último ano de contrato.

Chega a ser engraçado que a comissão técnica brasileira tenha se deitado em elogios a alguém que acaba de ser "rebaixado" em sua equipe...

Câmera Rebote: hora da verdade

É hoje! Aperte play, veja e comente ali na caixinha.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Notícias direto de Las Vegas!


Acabo de bater um papo por telefone com Roby Porto, que está em Las Vegas - sim, o SporTV vai transmitir de lá os jogos do Brasil e dos Estados Unidos. Ele viu o treino da seleção hoje, no Cox Pavillion (anexo ao Thomas & Mack Center), e me deu um panorama do que rolou por lá.

Lula Ferreira montou o time titular (de camisa azul) com Valtinho, Leandrinho, Marcelinho, Nenê e Splitter (os dois últimos se revezando entre sair do garrafão e jogar embaixo da cesta). Em determinados momentos, o técnico tirava um dos dois pivôs e colocava o Guilherme. Na armação, trocava o Valtinho pelo Huertas - e não pelo Nezinho, o que é bom sinal.

O time reserva (de amarelo) tinha Huertas, Alex, Marquinhos, Murilo e JP Batista, com Nezinho entrando no lugar de Huertas quando este migrava para o quinteto titular. Segundo o Roby, Alex jogou à vontade, sem mostrar receio com a mão recém-recuperada - outro bom sinal.

Americanos fecham o elenco

Depois de dar uma olhada aqui no Rebote, Mike Krzyzewski cortou Kevin Durant, Nick Collison e JJ Redick (este último, na verdade, já estava dispensado). Com isso, os Estados Unidos fecham o grupo de 12 jogadores para a disputa do Pré-Olímpico em Las Vegas:

- Amare Stoudemire
- Dwight Howard
- Tyson Chandler
- Carmelo Anthony
- LeBron James
- Tayshaun Prince
- Kobe Bryant
- Mike Miller
- Michael Redd
- Jason Kidd
- Chauncey Billups
- Deron Williams

Diferenças


Por Fábio Balassiano

A Espanha é a atual campeã mundial, conta com Pau Gasol, Juan Carlos Navarro, Jorge Garbajosa e um punhado de atletas de ótimo nível, além de um técnico cuja competência é incontestável (Pepu Hernadez). O Brasil, ao contrário, não foi às duas últimas Olimpíadas, tem um treinador criticado por grande parte da imprensa (e por que não pelos próprios jogadores também?) e um elenco de apoio duvidoso.

Se não bastassem as diferenças econômicas e na carga de treinamentos, os brasileiros se prepararam para a competição mais importante do ano assim: uma semana de sessões duplas no Paulistano e jogos contra Porto Rico, Argentina e Canadá. Já classificados para Pequim, os espanhóis, ao contrário, estão há 34 dias concentrados para a Euro (que será disputada em Madrid) e enfrentarão até a estréia as seguintes seleções: Venezuela, Portugal, Lituânia (duas vezes), República Tcheca, Alemanha (duas vezes também) e França - somando oito amistosos em 22 dias. Os atletas, além disso, reclamam das exigências de Pepu nos treinamentos (cinco horas diárias em alguns dias, por exemplo).

Alguém já disse que a falha na execução, na verdade, é a falha na preparação. Então, o Brasil está mal pacas...

Os pecados

Por Fábio Balassiano

Muita gente que nunca falou de basquete (e isso não é uma crítica) decidiu dar pitacos e cravar que a não classificação para Pequim seria uma vergonha. Prova de que, por mais que Grego e companhia se esforcem para arruinar por completo a história do esporte no país, a modalidade ainda tem o seu espaço. Será mesmo?

De verdade, o Brasil não pode cometer os seguintes equívocos:

1) Desperdiçar tantas posses de bola (fato freqüente).
2) Usar uma tática que não dá resultados há 20 anos (jogo de transição).
3) Ter poucas jogadas para os pivôs (com Nenê e Splitter, é leviano insistir somente com os tiros de fora do garrafão).
4) E, claro, colocar o Nezinho (por menor que seja a sua culpa em ser convocado) por mais de 30 segundos em quadra...

Respondendo àquela pergunta, sim, será uma vergonha. O Brasil não tem rivais à altura, tem quase todos à disposição e a famosa "inexperiência", citada como motivo dos resultados desfavoráveis, já não existe mais.

Mas, pera lá, não perdemos para Austrália e ficamos atrás do Líbano no Mundial do Japão? Com esta comissão técnica, tudo é possível...

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

E o homem inventou o toco...


"Digo com absoluta confiança que, na universidade, eu dava 15 tocos por jogo. Era uma vantagem porque a maioria dos atletas nunca tinha visto aquilo. Eu nunca tinha visto um toco quando aprendi a jogar basquete, nem sabia o que era. No primeiro treino na escola, o técnico, que não gostava de basquete, mas era um grande homem, levou um livro de regras para o ginásio. Nosso primeiro treino não teve corrida, saltos ou arremessos. Ficamos só aprendendo as regras."

[...] Naquele livro, ele percebeu que podia bloquear o chute do adversário antes que a bola atingisse seu ponto mais alto.

"Então, quando cheguei à universidade, nosso primeiro jogo foi contra California-Berkeley, e o pivô deles tinha sido eleito o melhor do país na pré-temporada. Eu dei toco nos seis primeiros arremessos dele. Pediram tempo, claro, e perguntaram: o que é isso? O que vamos fazer agora?"


O assunto acima não tem nada a ver com o Pré-Olímpico, é só uma dica para quem gosta de basquete. As declarações são de Bill Russell, em entrevista a Ian Thomsen publicada nesta segunda-feira no site da revista Sports Illustrated. Saca inglês? Então leia a íntegra aqui, vale a pena.

Delfino machuca o joelho. Que fase, hein...


Fábio Balassiano me alerta para uma notícia relevante: Carlos Delfino machucou o joelho no fim de semana e pode desfalcar a Argentina na estréia contra o Uruguai, na quinta-feira (os hermanos folgam na rodada inicial de quarta). "É o mesmo joelho operado há dois anos, e isso me preocupa, porque eu não consigo esticar a perna", disse o jogador ao jornal La Nación. O médico da seleção já providenciou uma ressonância magnética e se mostrou otimista: "Ele tem uma tendinite que limita os movimentos do joelho, mas a fisioterapia vai fazer a lesão sumir em alguns dias", explicou o doutor Diego Grippo (não confundir com Diego LoGrippo, o ala-pivô). De todo modo, é mais uma notícia no pacote de azar dos argentinos - e sorte dos brasileiros.

E os americanos, hein?


Como já foi comentado aqui na caixinha, os galácticos americanos perderam um jogo-treino para o combinado de jovens da NBA, na prorrogação. Mike Krzyzewski reclamou do baixo aproveitamento nos arremessos, mas optou por morrer abraçado com Kobe, LeBron e Carmelo em quadra, em vez de lançar um gatilho como Mike Miller (na foto ao lado) ou Michael Redd nos momentos decisivos. A falta de chutadores natos custou caro aos americanos no Mundial. Se agora eles estão no grupo, devem ser usados, não?

Coach K já disse que o trio de astros tem vaga garantida no quinteto titular. Kidd e Billups se revezam na posição 1, Stoudemire e Howard disputam a 5. Confesso que não tenho opinião 100% formada sobre isso (peço a ajuda dos amigos leitores): às vezes acho que Carmelo poderia ser reserva de LeBron, ou vice-versa, garantindo um craque na ala durante toda a partida. Em outros momentos, penso que Melo pode render bem de ala-pivô, como fez ano passado em terras japonesas.

Se a lista estivesse nas minhas mãos, eu cortaria Kevin Durant, Nick Collison e JJ Redick. Levaria Stoudemire, Howard, Chandler (pivôs), Carmelo, LeBron, Kobe, Miller, Redd, Prince (laterais), Kidd, Billups e Williams (armadores). E você, faria diferente? Diga aí.

Três pontos sobre os rivais


1) Sem Eduardo Najera, que brigou com a confederação, o México aposta no veloz e folclórico Omar Quintero. O armador promete usar muito em Las Vegas a "flotadora", sua jogada preferida, quando encara rivais mais altos e solta a bola mais cedo para fugir do toco.

2) Do time que ganhou o bronze no Pan, o Uruguai não terá Gustavo Barrera, que operou o joelho. O elenco de 12 já está fechado. Olho no bom pivô Esteban Batista e no cérebro da companhia, Nicolas Mazzarino.

3) O Panamá também já fechou o grupo. Resolvida a questão do visto, que tinha sido negado inicialmente pelo consulado americano, a equipe vai a Las Vegas com força máxima, incluindo o excelente Danilo Pinnock e o eficiente Jaime Lloreda. A missão é ficar ao menos em quinto.

domingo, 19 de agosto de 2007

Marcelinho MVP? Desta vez, prêmio injusto


Ao fim dos Jogos Pan-Americanos, vocês estão de prova, eu escolhi Marcelinho Machado como maior nome da competição. Por isso, fico inteiramente à vontade para dizer agora: não vejo nenhum motivo para ele ter sido eleito o MVP da Copa Tuto Marchand. O Marcelinho de Porto Rico não foi nem sombra do que vimos no Rio.

Não dá para negar que ele foi bem nos lances livres (91.7%), nos rebotes (5.3) e nas roubadas (2.0). Mas a decepção veio justamente nos dois pontos principais: o arremesso (sua maior arma) e os passes (sua grande virada no Pan). O ala veterano acertou 36.4% nos chutes de dois e 25% nos de três. Ao longo dos três jogos, deu apenas duas assistências e cometeu cinco desperdícios. Não é esse o Marcelinho que queremos ver em Las Vegas.

Para mim, o MVP deveria ser o pivô argentino Luis Scola, cestinha do torneio (20.7), segundo maior reboteiro (7.7) e autor da cesta da vitória contra Porto Rico. Se era para escolher alguém da seleção campeã, que fosse Tiago Splitter (14.7 pontos, 7.3 rebotes, 62% nos arremessos).

A imperdoável insistência com Nezinho


Antes da Copa Tuto Marchand, a manutenção de Nezinho no elenco gerou inúmeros prostestos na caixinha de comentários. Nos três jogos em Porto Rico, o armador se esforçou para provar que os leitores estavam cheios de razão.

Ao longo do torneio, Nezinho tentou oito arremessos, só acertou um (0/5 da linha de três), deu apenas três asssitências e cometeu sete desperdícios de bola. E o pior: mesmo com o desempenho pífio nas duas primeira partidas, jogou seis minutos a mais que Huertas e cinco a mais que Valtinho na terceira. Será que foi um prêmio?

Agora, Lula tem a segunda-feira para pensar, refletir e corrigir o erro na terça, inscrevendo o versátil Marcus no Pré-Olímpico de Las Vegas. E você, acha que tem alguma chance de isso acontecer?

Três pontos positivos do Brasil em Porto Rico


1) Tiago Splitter confirmou a qualidade que a gente esperava. Com atuações sólidas, mostrou que tem tudo para ser um dos destaques do Pré-Olímpíco.

2) O título. Não era esse o objetivo do torneio, mas o fato de ter conquistado as duas últimas taças que disputou (Pan e Tuto Marchand) ajuda a levantar o ânimo antes de um desafio importante.

3) Argentina e Porto Rico estavam completos, enquanto o Brasil conseguiu vencer mesmo com três desfalques.

Três pontos negativos do Brasil em Porto Rico


1) O torneio tinha um objetivo principal, que não foi cumprido: dar ritmo de jogo aos atletas que não disputaram o Pan. Sem condicionamento físico, Nenê e Leandrinho só entraram na terceira partida, e ainda assim por pouco tempo. Cenário longe do ideal.

2) Valtinho e Marcelinho Machado, as duas grandes figuras no Pan, deram passos para trás. O armador, por exemplo, não pode ter em Las Vegas uma média de apenas 2.7 assistências por jogo.

3) Depois do ótimo e animador aproveitamento nos Jogos do Rio, o lance livre voltou a nos assombrar. Em Porto Rico, ficamos nos 61.8%. Nos três pontos, outro fiasco: 20%.

sábado, 18 de agosto de 2007

Com Nenê e Leandrinho, Brasil bate o Canadá

Desta vez, não deu nem para acompanhar pelas estatísticas, que não funcionaram no site da Fiba. Mas o Brasil venceu o Canadá por 74-61, com direito a Nenê e Leandrinho em quadra. O pivô jogou apenas 10 minutos e produziu bem: seis pontos, quatro rebotes e três tocos. Leandrinho, em 20, fez nove pontos e deu duas assistências.

Marquinhos (14 pontos), Batista (12) e Marcelinho (12) comandaram o ataque brasileiro, mas Machado voltou a falhar nos arremessos, com 4/12 (2/8 de três). Em Porto Rico, ficou longe do bom jogador que vimos no Pan.

Nezinho jogou 20 minutos, mais que Valtinho (15) e Huertas (14). Com esse tempo todo em quadra, tentou quatro arremessos e errou todos. Saiu zerado em pontos, deu uma assistência e cometeu três desperdícios. Vai ser inacreditável se essa distribuição de minutos se repetir em Las Vegas.

Detalhe estranho: Samuel Dalembert e Carl English não aparecem na escalação do Canadá. Mesmo sem o pivô haitiano, a equipe bateu o Brasil nos rebotes por 41-34. Quer ver os números do jogo? Clique aqui.

Bomba-relógio prestes a explodir na NBA


O árbitro Tim Donaghy, réu confesso no caso das apostas ilegais, pode jogar a NBA num poço sem fundo nos próximos dias. Ele se disse disposto a entregar aos procuradores federais os nomes de outros 20 juízes da liga envolvidos com apostas. Os colegas não teriam necessariamente cometido crimes ou manipulado resultados, mas estariam ligados de alguma forma ao mundo das apostas, incluindo atividades em cassinos. Só para deixar bem claro, o contingente de 20 nomes representa um terço dos árbitros da NBA. David Stern, que sempre tentou manter sua liga longe da jogatina e só por isso ainda não liberou um time em Las Vegas, deve estar arrancando os cabelos...

Três pontos no feminino

1) Chega de espancar México, Chile e Canadá. Paulo Bassul decretou o fim dos amistosos que não servem para nada. Quer jogar apenas contra o Top-8 do mundo ou contra equipes masculinas de categorias de base, que ao menos permitem uma equiparação física com as meninas.

2) Por falar em físico, Bassul levou uma nutricionista para cuidar de "duas ou três" atletas que se apresentaram fora do peso. No Pan, a julgar por uma das pivôs reservas, Barbosa não deu a mínima para isso.

3) Na Arena Olímpica, Micaela me disse que não queria mais sentir o frio da Letônia. Resistiu pouco tempo. A ala da seleção acertou o retorno ao Riga, para disputar o campeonato local e a Euroliga. Boa sorte para ela.

Veio a primeira vitória. Splitter seja louvado



Mais uma vez, coube a nós acompanhar o jogo pelas estatísticas. Isso aumenta o risco de uma análise imprecisa, mas não dá para ignorar o assunto. Então vamos a alguns pontos de Brasil 79-67 Porto Rico.

- Desnecessário dizer que Tiago Splitter é o nome da noite - e vale lembrar que, entre mortos e feridos no fatídico Mundial, ele foi o único a se salvar. O pivô anotou 24 pontos, acertou 56% dos arremessos de quadra e 6/8 dos lances livres. Pegou cinco rebotes, o que é pouco, mas a seleção tem se dividido bem nesse fundamento - o time teve quatro jogadores com pelo menos seis rebotes e ganhou fácil a batalha coletiva por 41-25.

- O aproveitamento de 60.5% nos lances livres continua sendo inaceitável, pior até que o do Mundial, mas desta vez a culpa foi quase exclusiva de um jogador: Murilo (foto), que acertou apenas quatro de 13 (30.8%). Triste.

- Lula começou o jogo com Huertas ao lado de Valtinho no quinteto titular. Em tese, as formações com dois armadores me agradam, mas não acho que a gente tenha tempo para treinar isso a quatro dias do Pré-Olímpico. Melhor apostar no feijão-com-arroz.

- Valtinho melhorou em relação à estréia (sete rebotes, sendo três ofensivos, e quatro assistências), apesar de ter chutado mal (2/6, oito pontos). Huertas não compometeu, com seis pontos, mas não deu nenhum passe. Nezinho entrou, fez uma seqüência de lambanças e saiu.

- JP Batista, que tinha ficado em quadra por 27 minutos contra a Argentina, jogou apenas 12 desta vez. É um efeito evidente da da ótima atuação de Splitter, líder do Brasil em minutos na sexta-feira, com 36.

- Marcelinho estava em "dia não". Tentou seis bolas de três e só acertou uma (1/8 no total). Atuação ruim, exceto na ajuda dos rebotes (seis). Marquinhos também errou a mira (3/9, 0/4 de três), mas compensou com 5/6 nos lances livres, 10 rebotes e quatro assistências.

- Ao que parece, a defesa brasileira conseguiu segurar bem duas peças importantes de Porto Rico: Jose Juan Barea (três pontos, uma assistência, 16% nos chutes) e Elias Ayuso (oito pontos, 27% nos chutes). Bom sinal para o nosso lado.

- Num jogo em que os porto-riquenhos penaram nos rebotes, não entendo por que Angelo Reyes (foto) só atuou por nove minutos. Atleta deles que mais me impressionou no Pan, o ala pegou 14 rebotes na estréia contra o Canadá. Será que se machucou?

- No sábado, o Brasil volta à quadra. Cá entre nós, pouco me importa quem vai ser campeão - não é esse o propósito do torneio. Mas sair de Porto Rico com apenas uma vitória sobre os fregueses donos da casa não seria nada bom. Sendo assim, pau nos invictos canadenses, por favor.